Foto por: Ane Karoline

 Parece um ciclo vicioso que se repete continuamente: entra ano, sai ano e a felicidade parece que não quer dar as caras. Que palhaçada é essa?  O que resta é fazer o pedido de ano novo "eu quero encontrar o amor para ser feliz", "eu quero ser promovido para ser feliz", "eu quero ter um carro para ser feliz", "eu quero ser feliz"... Mas quem é que não quer? Mas, eis a little secret: a felicidade é você. Isso mesmo, para de show e se olha no espelho: você é a sua própria felicidade, se não está sendo é porque está dando os passos na direção errada. O investimento agora é aproveitar esse ano que está se encerrando, toda essa emoção e o momento tão propício para fechar as portas que te confundem e não te levam a lugar algum. Tá hesitando por quê? Tá hesitando em deixar para trás o que te faz mal? Larga isso, joga fora. Pode ter sido útil ou agradável em um momento x, mas já foi, esquece: fecha a porta e joga a chave fora. 
  Não hesite: coma o chocolate ou ligue para ela. O chocolate estraga e ela pode não estar mais lá depois da meia noite. Faça o que tiver que fazer mas não deixe a felicidade escorrer pelos seus dedos e nem espere que caia do céu: plante o que você quer colher.
  Isso tudo porque nós temos que ser honestos com nós mesmos, em primeiríssimo lugar. A gente precisa construir a nossa felicidade, se têm manchado a sua felicidade é responsabilidade sua: não faz isso, não deixe que te tirem o sorriso. Mas se já fez, se o teu sorriso já está manchado, aproveita que sempre é tempo: recomeça, joga tudo fora e nasce de novo. A gente sempre pode renascer e com a vantagem de que pode trazer a bagagem boa que conquistamos, deixando só o que não serve para trás.
  Abra a lata do lixo e jogue fora toda essa sua mania de se cobrar demais, jogue fora toda a raiva: não vale a pena, nada que te faz mal vale a pena. Tenha em  mente: "como me sinto quando sinto raiva?" "como me sinto quando estou alegre?". Exato: porque não estar sempre alegre? Não custa nada tentar. Dá um medinho porque a gente não tem o costume de se permitir ser feliz, eu sei, mas se joga: tenta. Se não der certo, você já sabe mais um caminho que não deve seguir, vira a página. Aliás, aprenda isso: não perca tempo em uma página escrita, não rasure sua vida. Rasgue a página, escreva outra. Todo dia é uma página novinha para você escrever. 
  Jogue fora esses mapas que têm te entregado e faça o seu, construa seu caminho: cada segundo é uma nova chance. Se perdoe e seja a melhor versão de você.
  Felicidades sempre: ano novo, vida nova. Um abraço daqueles bem fortes.
Ane Karoline



  Pela recorrência dos temas explanados aqui no blog fica claro que quem vos escreve tem um coração derretido, um coração derretido  de sensibilidade em todas as situações das estradas da vida. Então, no natal- uma data que propõe a harmonia e o amor- essa sensibilidade é aguçada. Sendo assim, é com muito amor que respondo à TAG Have a very bloggy Christmas(Tenha um natal sueco) que fui indicada pela Bárbara do blog Under the Stair

Nós, seres humanos, somos seres cheinhos de manias, sensações, sentimentos, medos e limitações. Hm... Limitações? Você sabe reconhecer suas próprias limitações? Porque se não, está na hora de começar. Se você ignora o seu ponto fraco, é impossível aprender a lidar com isso. Já reparou que a gente tem a tendência de guardar um monte de sentimentos, lembranças e mágoas desnecessárias dentro do coração? Que pena! Enquanto a gente guarda tantas coisas ruins, a felicidade fica de fora, procurando um espacinho para entrar. Para contextualizar: A Ane Karoline me deu a oportunidade de ser a nova colunista do blog, e eu serei a secretária da Julieta Capuleto do século XXI de vocês, chegou a hora de tirarem da cabeça e do coração tudo que os afligem. Sem mais blá blá blá, aqui vai a resposta da primeira carta.

    
    Não tem para onde correr: o ser humano é um ser sociável e cheinho de necessidades. E, como essas necessidades, tem uma mania insistente: ignorá-las ou, pior, ignorar o fato de que existe um mundo recheado de pessoas que podem ajudar. Pensando nisso, o Rearteculando - que é tão grande quanto coração de mãe-  abriu as portas para acolher uma ideia maravilhosa.



 Mesmo em 350 a.C, quando não existiam nossos smartphones, itudo e câmeras high tech, a galera já fotografava: a gente vive o momento e depois o guarda- além de no coração- em fotografias. Tudo é fotografado. Afinal, as lembranças são parte do que somos. Mas, convenhamos, que nem todas as nossas selfies são bem realizadas e -thanks God- têm uma galera que estuda essa paixão mundial e é profissional na área. Como exemplo refinadíssimo disso trago, em um breve e doce bate papo, uma amiga fotógrafa para limpar nossas lentes com dicas sobre fotografia e para mostrar um pouquinho do trabalho dela. Let's take a selfie?

 

    Quando escutei aquela estória de que "quem soltar o elástico primeiro machuca o outro" encontrei a resposta: você soltou o elástico. Eu puxei muito, não foi? É que achei que puxando tanto o elástico que existia entre nós, e nos mantinha ligados, conseguiria aproximá-lo de mim. Mas você resistiu, ficou paradinho lá no seu altar, e até o amor tem um limite: a gente puxa, puxa, puxa, mas ele acaba. O amor é forte e corajoso, mas não resiste ao desamor.
   Enfrentei mares e marés, ventos e tempestades na minha cegueira: não ouvi -e nem quis ouvir- seus sinais que gritavam a sua não profundidade. Você tentou me dizer quando, por exemplo, nem se dispôs a dançar comigo. Afinal, o amor, a paixão e a vida são uma dança. Você não quis dançar comigo.
   Então, o resto você sabe: você soltou o elástico e eu caí. Eu sei o que parece: depois da queda, parece que fiquei lá, parada como quem espera. Para um espectador, soava tragicômica a imagem: estática, afogada num emaranhado de nós -que você me deixou de herança- esperando, com meu abraço quente, você voltar. E pior, enquanto lutei com cada mísero nózinho que você atou em mim soava, ainda, como se estivesse remendando aquele nó principal que nos uniu - e não dizem que o amor não cria nós, cria laços? Mas não. Enquanto desatava os nós, fiquei quieta para ouvir: ouvir a vida e, aí, eu aprendi que a gente acha que pode ressignificar uma história mas não pode. Ela continua lá: escrita do jeitinho que aconteceu. Mesma história. Mesmos personagens. Mesmos erros e mesmos acertos. Marcada a ferro na pele da gente. E com tantas marcas, eu não pude mais lutar por nós, eu precisei lutar por mim. Decidi lutar por mim antes que me perdesse, afinal, ninguém o faria.
   E dessa vez fechei a porta. Fechei a porta e joguei a chave de uma ponte: deixar que o destino e as águas a carreguem para onde ela tiver de ir. Já tracei outro caminho, outros ares, mas não me segue porque eu estou perdida: vou sem mapa e sem pretensão para voltar. E, no fim, podemos concordar que não foi nem desistir: é que não tinha mais o que largar. Os laços nunca existiram e os nós sempre estiveram desatados, não é?


Ane Karoline

   Provando que o ser humano é um ser sociável, fui indicada para responder uma tag. A tag consiste em escrever 11 fatos sobre mim, responder 11 perguntas do blog que me indicou, criar 11 perguntas para outros 11 blogs com menos de 200 seguidores - os quais eu vou taguear-, linkar de volta o blog que me tagueou e colocar meu selo do Leibster. Já perceberam que uma teia imensa de indicações e afins, né? Pois vamos lá.


 

 


   Exaustivamente, escuto perguntas como "como você começou a gostar de ler?", "como você consegue passar tanto tempo lendo?". Bom, venho aqui para compartilhar mais uma das alegrias oriundas do hábito da leitura e, dessa vez, envolve uma grande interação com outras pessoas (rá!). Acompanhem o acontecido.
   Há algumas semanas atrás, recebi um e-mail misteriosíssimo me dizendo que tinha sido escolhida para participar de um desafio literário. A primeira etapa era composta de algumas missões e uma delas era escrever um conto inspirado em alguns contos do escritor Edgar Allan Poe e fazer uma capa para esse conto. Bom, desafio dado: desafio cumprido. 

AS SETE VIDAS TRANCADAS NO POÇO DOS DESEJOS
 

 

   Quando foi que a honestidade começou a doer? É que só pode ser esse o motivo de ser tão evitada: dor. Afinal, não existe outro motivo bom o suficiente para que se possa deixar de lado a sensação de veracidade. Ou existe?
   Para a minha personalidade inquieta, é impossível compreender a razão de esconder a verdade. Porque não ser o primeiro a dizer "eu te amo"? Medo? Mas medo de dar amor? Não pode. Não precisa. É tudo muito mais simples. Já reparou na beleza do céu, logo pela manhã? E quando começa a primavera, quando aqueles ipês maravilhosos florescem? Isso é o Universo derramando amor, sem medo, sem dó, sem jogo. Agora diz aí: isso consegue ser ruim? Um amor tão puro, sincero e singelo consegue ser ruim? 
   A gente acaba perdendo os detalhes: coisinhas simples que poderiam nos fazer felizes, uma vida inteira (ou várias) mudada por uma palavra que não foi dita, um coração que não foi seu mas poderia ser.  Pra quê, então dar preferência a esses joguinhos de quem ignora mais? Quem fala por último é o vencedor, hoje em dia? Ah, mas que bobagem. Com esses freios sem pé nem cabeça que colocamos em nós mesmos, com essa mania de passar por cima do que a gente quer, acabamos colecionando pedaços das coisas; pedaços das pessoas. Fotos, por exemplo, são muito boas mas o bom, o bom mesmo, é ter participado do momento da foto; ter vivido. E depois passa, como tudo na vida. A gente não precisa colecionar nada, pra quê se encher de tanta coisa desnecessária? 
   Não faz mal mudar de emprego, de roupa, de estilo, de cidade ou de amor. Não faz mal cair sete vezes se o importante é levantar oito. O que faz mal é ficar no emprego que não gosta, usar uma roupa que aperta ou tentar reciclar um amor que há muito já foi enterrado. O que faz mal é iludir a nossa própria alma. Os impulsos que a gente reprime acabam nos derrubando. 
   Até tentei atenuar, diminuir e suavizar. Tentei suportar metades. Paciência. Tentei, mas já aviso logo  que  o êxito não foi atingido. Em contra partida obtive êxito pessoal em descobrir que não vale a pena: não dá para diminuir a nossa própria frequência. Antes se arrepender pelo excesso do que pela falta: de tentativas, erros e acertos. Pra quê manter os pés no chão mesmo tendo asas e querendo voar?


Ane Karoline

   
     A época mais mágica do ano está chegando... A data em que milhares de pessoas irão receber um presente em casa do famoso Papai Noel. Pensando nisso eu e vários outros blogs resolvemos nos juntar para presentear vocês que nos acompanharam o ano todo, e nada mais justo que um sorteio especial para uma data especial. Formamos 5 kits para 5 ganhadores, e cada kit está recheado com livros e alguns mimos. 

REGRAS:

- Comentar neste post seu e-mail.
- Promoção válida do dia 03/11/2014 até 25/12/2014.
- Cumprir as regras obrigatórias do formulário. As extras são para ganhar mais chances.
- O vencedor tem até 72 horas para responder o contato feito.
- É obrigatório residir em território brasileiro.
- O prazo para envio do livro é de até 40 dias.
- Cada blog é responsável pelo envio de seu próprio livro, não nos responsabilizamos por extravios dos correios.

   


   Certa vez eu conheci uma senhora muito simpática com cheiro de café e aparência de Dona Benta do Sítio do Pica-pau amarelo. Ela tinha aquela facilidade para conversar que gente simpática tem e resolveu compartilhá-la comigo. A história é a seguinte: quando adolescente, em um dia triste, ela resolveu fazer um trajeto diferente na ida para casa. No tal trajeto, encontrou um pássaro machucado e resolveu ajudá-lo: cortou a mão e teve de ir ao hospital. Resultado? Dois pontinhos e um amor para a vida toda: ela conheceu o marido, com quem está casada há 45 anos, no hospital. Tá, e daí? E daí que ela poderia estar solteira, na praia, sem filhos, separada, no terceiro casamento ou trabalhando na tv. Mas ela escolheu ir por outro caminho e ajudar o pássaro: as pequenas escolhas são as que nos movem e a gente nem percebe.
   É que cada passinho que a gente dá, muda totalmente o rumo da nossa vida; muda nossa história. Aquele dia que você resolveu não levantar da cama, pode ter te livrado de um acidente de trânsito; escolher o mesmo sabor de sorvete no domingo te impediu de, talvez, conhecer um novo sabor preferido. E aquele livro que você decidiu ler naquele exato momento e que te ensinou uma liçãozinha que você precisava? E também aconteceu aquela paixãozinha que você largou pra lá: podia ser um amor - ou O amor- mas não foi. Escolhas: escolas. 
   Tem mais um pormenor sobre as pequenas escolhas: a gente interfere em como é escrita a história do outro e, na maioria das vezes, não nos damos conta da magnitude que isso tem. O lixo que você jogou na estrada, enquanto conversava distraído, provocou um acidente fatal. Escolher o mesmo sabor de sorvete no domingo, ajudou o dono da sorveteria a entender que, talvez, ninguém estivesse mesmo a fim daquele tal sabor novo. Aquele livro que te ensinou uma lição, também foi útil àquela moça sentada ao seu lado no ônibus, que te acompanhava na leitura e você nem percebeu. E aquela menina, da mãozinha pequena e sempre fria, que você deixou pra lá aprendeu que o amor pode ser unilateral: e machucar. O candidato no qual você confia seu voto é quem escolhe investir menos ou mais na saúde e acaba por deliberar a vida ou a morte daquele estranho que sofre no leito hospital. Escolhas: enfoques. 
    Isso não tem como escolher: algum caminho a gente tem que seguir, e a gente segue. Escrevemos capítulos e capítulos nas vidas alheias diariamente e os outros escrevem, também, em nossas vidas. Não que seja necessária a construção do gráfico da função para cada escolha que aparece em nossas mãos, mas o aleatório também não é a melhor opção.


Ane Karoline

   Estranho mesmo foi perceber que cheguei ao ponto de dissimular, mas cheguei. Ah. todo mundo chega. E, é claro, tive boas razões.
   Quando te revi, meu coração não acelerou e nem ficou aos pulos: pasmei. Mas senti algo ao vê-lo e nem sei dizer o que foi. Tive uma pontada de medo: tipo uma agulhinha que me beliscava sempre que o olhava. E, simultaneamente ao medo, senti falta: falta do que nem chegamos a ser, falta de quem eu era antes de conhecê-lo.
   Arrisquei uma olhadinha vez ou outra mas, para a sua surpresa, não iniciei nenhuma conversação, como costumava fazer: deixei que o buraco, que você mesmo havia engenhado em meu coração aflito, falasse por mim. E falou. Falou por nós: ficou entre os nós. De cara percebi que você não tinha costume com o vazio que dói. Por quê? Porque quando começou a cair no abismo existente entre nós, se apressou em construir uma ponte. Que foi? Tem medo de cair? Eu sei que tem, então vou pontuar umas coisinhas: a gente tem medo de cair - todo mundo- mas cai mesmo assim. Eu tive medo também, acredita? Mas isso não me poupou da queda e você não me jogou um pára-quedas. Só para te situar: a queda foi tamanha que abri um buraco e fui parar no núcleo terrestre. Você não notou, mas eu fiquei nesse buraco por um bom tempo e, ainda hoje, carrego-o comigo. Mas o mais importante é que enfrentei o abismo for my self, entende? E agora, que emergi, você me aparece todo blasé, bancando a simpatia personificada, querendo entender meu recuo? Pois quero informá-lo de que já me adiantei e formulei uma boa metáfora- daquelas que você costumava jogar no lixo- para a gente.
  Dizem por aí que quando a gente amassa uma folha de papel, não conseguimos desamassá-la totalmente. Mas, no nosso caso, não somo uma folha amassada: somos uma folha escrita, e você fez questão de escrever tudinho à caneta. Acho que deu para entender, né? Poderia ter pensado melhor no que ia escrever, enquanto éramos uma página em branco. 

Ane Karoline


  A crise é necessária mas o seu valor só pode ser reconhecido depois que a mesma é superada. Enquanto a fase é aquela de dormir tentando esquecer e acordar querendo ter, a gente se afunda mesmo.
 No começo a gente se culpa, passa dias repetindo e proclamando a nossa burrice, horas se martirizando por ter deixado o amor florescer, noites pensando em como nos deixamos chegar no fundo do fundo. Mas toda essa bagunça é durante a noite: a noite é propícia para o desespero. Mas, depois da noite, sempre amanhece e quando amanhece a gente começa a culpa o outro. A crueldade alheia parece clara, a gente passa dias se convencendo de uma certa canalhice, horas remoendo cada palavrinha que foi dita e ouvida, minutos e minutos arquitetando como causar a mesma aflição que nos foi causada. 
  E depois? Depois o tempo faz seu trabalho, as ideias clareiam, a gente sai do fundo do poço e percebe que a culpa pela crise deve ser atribuída à ambas as partes. Mas, se formos calcular direitinho, nem se juntarmos a parcela de culpa de cada uma das duas almas confusas envolvidas em uma crise desse cunho, conseguiremos identificar os 100% de culpa, sabe porque? Porque foi a vida quem quis escrever as coisas assim, às vezes a gente tem que escrever uma página, ou capítulo, na vida do outro mesmo. E a gente descobre que a caneta está em nossas mãos lá no início,  quando os olhares se encontram pela primeira vez. E, francamente, é muito bom. É muito bom porque a gente se transforma no amor, sem nem precisar mostrar: simplesmente somos o amor por um certo período. O que a gente não descobre na troca de olhares inicial é que é só por um certo período, essa compreensão se assenta depois de uns bons travesseiros molhados. 
  E mesmo no fim, quando passa, não há como dizer que não lamentamos o fato de não sermos mais o amor: lamentamos sim. Mas há algo que merece um lamento maior: sermos o desamor. É lamentável saber que os olhos não vão brilhar ardentemente ao encontro e que o coração não vai acelerar mais ao toque. E, sobretudo, é lamentável ver um coração jogado na sarjeta por um alguém qualquer, quando poderia estar aquecido pelo amor que foi. Foi porque, pelo menos um dos lados foi o amor. Foi, não é mais. 




Ane Karoline

  
  No fundo - e na verdade- não há quem não concorde: a felicidade é o reflexo da simplicidade. Explico claramente: a gente complica que nem sente. E é? É. A vida é um poço de poesia e em uma monumental quantidade de vezes deixamos escapá-la. Veja que tolice mais desmesurada: deixar ir embora a poesia!
  O que acontece mesmo é que, acima de a deixamos ir,  não a acolhemos, resolvemos julgar o que é poético ou não, resumindo: Céu ensolarado? Deixa passar. Céu estrelado? Nada demais. Flor desabrochando? Deixa passar. Criança chorando? Merece calar. O Sol? Melhor a Lua. A Lua? Cansados demais para observar. As pessoas? Nada a acrescentar. A solidão ? Bonita. Meia dúzia de palavrinhas meia-boca, organizadas em versinhos? Ah, sim, poesia de primeira qualidade.

  

   Tenho, hoje, a alegria de divulgar um trabalho que tive o prazer de ter contato. Sendo eu alguém que aplaude a produção cultural, sobretudo a do nosso país, me delicio em dizer: temos escritores brasileiros, de qualidade, no século XXI. 
   Como prova de tudo isso dito apresento a história de Antony: uma criança ingênua de oito anos de idade, de vida difícil e sonhos pertinentes. Antony nunca teve os melhores brinquedos ou as melhores roupas, o lar mais aconchegante e passou longe de ter os pais mais amorosos e presentes,  mas sempre manteve-se agradecido por ter o pouco que tinha, afinal, ele sempre teve consciência de que muitas crianças viviam pelas ruas.

"E aí, passa teu whatsapp pra nóis trocá uma idéia?"
   Não sei se foi a menção à palavra conhecida ou aquele dialeto (que, por sinal, esfaqueava a gramática) que chamou a minha atenção, mas me coloquei em posição de bisbilhotar a cena. Observei,com aflição,a mocinha digitar algo no smatphone do rapaz possuidor do dialeto peculiar. Ela não parecia ofendida com o fato de o digníssimo não ter se apresentado, se ficou ofendida disfarçou bem. Quase não acreditei quando ele saiu cuspindo um "falou". Pensei: NÃO É POSSÍVEL! Mas era, e foi. Esse foi o início, meio e fim da conversa. 
   O escândalo com a cena só não foi maior do que o de perceber que a situação era (é) extremamente comum. Me dispus, então, a investigar em minha memória onde raios tudo isso havia começado. Vasculhei a caixinha de memórias e: não soube dizer.
    Saber dizer eu não soube,mas me lembrei de uma época em que aquele que tinha o numero de telefone da casa (sim, da casa, celular não era mais importante que água) da gente podia se considerar amicíssimo. Quer dizer, era preciso muita intimidade para pedir o número de telefone de alguém. Contudo, essas lembranças são muito remotas.
    Depois de algum tempo, os mais ousados diziam "você tem E-mail?" - que se transformou em MSN, orkut, facebook e, finalmente, whatsapp. Os e-mails atualmente são vistos apenas como algo ultra sério: está bancando o substituto da carta.
     O engraçado (ou triste) é perceber o quanto essa revolução tecnológica influencia nas relações não-virtuais. Os aniversários, por exemplo já maior importância. Até porque, as pessoas tinham que, minimamente, lembrar os aniversários sem uma rede social virtual que fizesse isso por elas (e, nesse quesito, o orkut era muito mais eficiente que o facebook). E o melhor: tinham que ir até a sua casa ou ligar, se quisessem desejar-lhe bonanças. E por mais que nas ligações de aniversário a gente sempre fique tipo "ahã, obrigada, ahã, hehe", as ligações são muito mais pessoais do que um "parabéns" em nossa timeline. 
   Inclusive, esse momento histórico da ligações-ahã foi simultâneo ao momento histórico das fotos reveladas. Pasmem: as pessoas fotogravam para guardar as fotos ao invés de postá-las online. E o mais maluco: não viam o resultado final da fotografia no ato de tirá-las. Esse tempo existiu, tia?
    Certa vez ouvi o vento me dizer que "a internet aproxima quem está longe e afasta quem está perto". É clichê mas me parece apropriado até certo ponto. 
     O fato é que, somando os prós e contras na calculadora digital da vida, eu ainda ficaria com os convites de aniversário feitos de papel que diziam "seria uma honra tê-lo em minha festinha". Não digo que largaria a tecnologia, sem radicalizar, mas optaria por não conhecê-la, se fosse possível. Ou não. Ouvi dizer também que as memórias são um exagero só. 
      

     
     Nunca fui perita em estações do ano, clima e nem nada desse tipo. Em termos convencionais, as estações do ano são primavera, verão, outono e inverno; cada uma delas com características particulares. Há quem goste mais do Sol, há quem goste mais do frio e há os insatisfeitos. E, pelo que sei, desde que o mundo é mundo não há muito o que possamos fazer para modificar o clima: não existe um pó mágico que a gente possa jogar no ar para fazer o Sol aparecer naquele dia que a gente quer ir nadar, ou uma sementinha que faça chover quando a gente quer dormir e o calor não deixa. Mas podemos lidar com isso. 
    A minha personalidade perceptiva,por exemplo, faz meu corpo físico sofrer no frio: não gosto de frio. Mas sei que sem os dias frios eu não apreciaria tanto o Sol. Ou seja: por mais que, em minha opinião, deveria existir uma lei que decretasse feriado (remunerado) em todos os dias frios, eu escolhi acreditar que estes são necessários e tiro proveito deles, assim, o incômodo fica bem pequenininho.

       
        Chega a ser engraçado perceber o quão contraditórios nós somos.Todo mundo quer mudança, melhora, prosperidade e felicidade mas a gente é de uma moleza descabida para dar a cara a tapa a ponto de uma atitude nova adotar, não é? 
           Outro dia mesmo, a pessoa que vos fala resolveu repaginar e entendeu logo de cara a dificuldade: por onde raios começar? É até surreal mas, algumas vezes, a gente não sabe nem onde a gente está: se é no começo, no meio ou no fim de uma página desse livro surrado que é a nossa vida. Como é que pode? Quer dizer,como alguém pode estar perdido, sendo sufocado e esquecido por entre as páginas do livro da própria vida? Aí é que está: ninguém sabe e, talvez, nem nos caiba saber. E é desse 'não saber' que a sementinha da mudança é plantada: pra quê se apegar tanto aos detalhes? Detalhes que, às vezes, enchem a gente de uma carga tão desnecessária. É isso: a gente tem um apego com uns detalhes que, cá entre nós, são um fardo.