Me lembro do primeiro - traumático- dia de aula da pré escola: 4 anos de idade e a professora disse que os desenhos mais bonitos iriam para o mural. Eu sempre achei que esse "mais" viesse embutido no coração de todo mundo. Desenhei o céu mais colorido de todos, caprichei muito, porque eu sempre vi uma infinidade de cores no céu. A professora não achou o "mais" em meu céu colorido, afinal, "o céu é azul, menina". Mas o fato de ela só conseguir ver o céu azul significa mesmo que ele não tem outras cores? Percebi, aí, que tinha uma dose a mais de subjetividade em mim. 
      Eu sempre soube que existe um "mais" que vai muito além, eu sempre sonhei em mostrar esse "mais" às pessoas. Os sonhos são como chamas dentro de nós: nos mantém brilhando, trilhando o caminho na luz e não na escuridão. Eu sempre sonhei em mostrar às pessoas que o céu não tem apenas uma tonalidade e isso me mantém no caminho da luz. E é nos dias que eu sonho mais - e que me decepciono mais- nos dias em que quero que todos possam, de uma vez por todas, ver a quantidade de cores que há no céu,  ao invés de tristezas e de corações partidos que estou certa de que é para isso que os sonhos iluminam nossos caminhos: para que os trilhemos, para que saibamos onde estamos pisando, e continuemos, mesmo que seja em estradas de pedras. A gente não pode desistir.  
        E é sobre andar, na ponta dos pés, em estradas de pedras que a nossa ballerine  veio conversar hoje. Vamos treinar?
      Como prometido venho falar sobre minha rotina de atividades (treinamento), coisa e tal. (Para quem não está entendendo nada, clique aqui para ver minha primeira postagem). Bom, vocês ainda não sabem mas sou universitária do curso de Odontologia.  Um curso integral, mas inicialmente consegui conciliar a faculdade, o trabalho voluntário e o ballet. Confesso que foi um ano extremamente puxado e que, infelizmente, eu adoeci bastante por conta da falta de tempo (sem hora pra comer direito, muito menos dormir direito).Nesse mesmo ano minha imunidade abaixou tanto que só vivia doente, gripada... Foi o mesmo ano em que peguei dengue, pra piorar a situação.   Foi o ano inteiro assim, acordava bem cedo pra aula às oito, saia da faculdade direto para meu trabalho(voluntário) no qual eu dava aula de dança de salão em uma escola, chegava em casa, tomava um banho correndo e ia para o ballet.  Foi uma luta, mas foi eu quem escolhi, então não tenho o que reclamar pois aprendi muito!

     Novembro é véspera de Espetáculo então se tudo já estava corrido, redobrou! Sinceramente, eu não sei dizer como eu dei conta. Só para vocês terem uma noção, os treinos do espetáculo são todos os dias da semana, incluindo sábado e domingo. Minha grade horária era: de segunda à sexta coreografia + condicionamento físico de sete às dez. Sábado e domingo: coreografia de oito da manhã às seis da tarde. ISSO MESMO! Quando a gente fala que tem que ter dedicação não é brincadeira! 
     Já em 2015 que as matérias na faculdade começaram a ficar ainda mais complicadas, precisando de mais atenção e tempo de estudo do que já tinha, resolvi sair do trabalho e continuar no ballet (claro). Foi assim o inicio do semestre, mas quando cheguei no meio dele percebi que estava muito ansiosa, com receio de perder qualquer coisa do curso já que eu também tenho aula no ballet (prática e teórica- como expliquei no post anterior). Foi uma decisão difícil mas tive que tomá-la: tranquei minha matricula por dois meses no ballet e posso dizer que nunca senti falta de alguma coisa na vida quanto a falta que estou sentindo, pois até no meu sono isso influenciou.  Dificuldades pra dormir! Não vejo a hora desse semestre acabar para voltar tudo ao normal. Claro que a faculdade só vai tomando ainda mais o meu tempo com o passar dos semestres, mas descobri que não posso deixar a prática da dança de lado, pois isso também me prejudica. Não me sinto tão bem sem a dança, instável.
     Por isso, mais uma vez digo: quem quer, de verdade, faz acontecer, dá um jeito, corre atrás! Os treinos pedem muito do corpo, muita concentração e tempo também. Além de treinar na escola, temos que treinar em casa, alongar, aquecer, pois só é possível chegar à perfeição praticando. Principalmente quando o assunto é a famosa ABERTURA e a PONTA.  Acredite: você passa meses e meses praticando, sofrendo de dor tentando fazer a abertura, quando consegue (QUE FELICIDADE), porém se você fica três dias sem se alongar, sem o aquecimento e sem treinamento, sua abertura e ponta voltam! Pergunte pra uma bailarina que começou o ballet mais velha como eu, se ela já consegue finalizar a abertura(lateral ou frontal), se ela deixa de treinar três ou quatro dias... Pergunte do sofrimento que é pra conseguir tudo aquilo de novo. É LUTA!
      Estou parada com as aulas durante esse tempo, mas não deixo meu alongamento e aquecimento de lado de jeito nenhum!!!  Então se você sonha em ser um bailarino ou uma bailarina, acredite, você arranja tempo mesmo o que você não tem! (rs)
    Semana que vem mostro alguns vídeos e fotos do ultimo espetáculo para vocês. Espero que estejam gostando. Isso é um incentivo para quem tem um sonho de dançar - e não se trata apenas de ballet. Acredito que qualquer coisa na vida pra ser bem feita é necessária atenção, dedicação e muito AMOR! É só o amor que move. Até semana que vem.
    
Abraços,  Ane e Ana Luiza.

     

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