Imagem por: Ane Karoline


Entre as lágrimas e sorrisos, desejos e desistências, eu consegui. Consegui descobrir qual é, afinal, a da felicidade. Se eu consegui ser cem por cento, totalmente feliz por cem dias seguidos? Não. Não consegui ser cem por certo, totalmente feliz em nenhum dos cem dias. Na verdade, tem sempre uma coisinha aqui ou ali. Um cachorrinho morto aqui, uma saudade do avô ali. Uma amiga que some aqui, uma dor de cabeça ali. Entre os aquis e os alis, eu encontrei o agora e percebi que, também, não fui cem por cento, totalmente infeliz em nenhum dos cem dias. Nunca fui cem por cento, totalmente infeliz. Mesmo nos piores dias, nos dias em que a luz parece não existir, sempre existiu um pelo menos ou, pelo menos, sempre existiu a ideia de que amanhã, talvez, as coisas estariam melhores. Foi pela existência insistente do pelo menos que eu não desisti.
Peguei minha bagagem e fui atrás da felicidade. Logo, nos primeiros dias eu percebi que não precisava de bagagem nenhuma. Me vi encontrando a felicidade, justamente, nos momentos em que deixava de lado minha bagagem, quando abria mão de guardar, quando deixava ir. Nos primeiros dez dias me coloquei em uma busca frenética: tenho que encontrar a felicidade. Sim, consegui encontrar a felicidade. E não foi suficiente. Alguns dias depois aconteceu: a felicidade me encontrou. Nada se compara ao momento em que a felicidade, por livre e espontânea vontade, nos encontra.
Nada se compara à sensação de ser descoberto pela felicidade, exatamente isso: descoberto. Nada se compara à sensação de perceber que a felicidade nos tira debaixo do véu da escuridão: nos descobre. Nos encontra. A felicidade encontra a gente. Mas parece que tem um montão de desencontros no caminho, né? Inclusive, estamos aqui tendo essa conversa gostosa e você, por acaso, está lembrando da sua dívida no banco? E isso anula a felicidade de estar aqui, tendo essa conversa comigo? Torna esse momento menos especial? Pronto, acabei de te entregar o valor de x.
Lá pelas tantas percebi que o x da questão é esse: se tudo der errado, se estiver chegando no fundo do poço, eu volto, pelo menos, para buscar um sorvete de casquinha recheada para me acompanhar na queda. Você não está totalmente no fundo do poço se, pelo menos, tiver um sorvete de casquinha recheada. Ah, sim, eu sei. Em alguns dias nem o sorvete de casquinha recheada serve, né? Se você pensou nisso, se conseguiu contornar o argumento do sorvete de casquinha recheada, eu vou dizer, agora, a razão pela qual eu não desisti do desafio dos #100happydays e, também, por que, eu resolvi dizer isso a você. Veja bem: a felicidade, também, é escrita com lágrimas de tristeza. A felicidade é aceitar que viver dói sim, e que, algumas vezes, a gente tem que chorar, tem que quebrar uns pratos e uns copos, tem que dizer umas verdades a uns e outros, tem que encharcar o travesseiro, se afogar em lágrimas e depois emergir. A felicidade é aceitar que somos esse emaranhado de coisas que pode se despedaçar, vez ou outra, para se reconstruir. 
A regra, oficial, do desafio é que se poste uma foto por dia durante cem dias consecutivos mas eu não o fiz. Comecei o desafio dia 7 de janeiro deste ano e venho terminá-lo, hoje, dia 16 de setembro. Desisti e continuei por várias e várias vezes. Fiz aniversário. Cai aqui e ali, joguei o sorvete de casquinha recheada no lixo, ensopei o travesseiro algumas vezes e, em alguns dias, eu fui tão extremamente feliz que não lembrei de postar a foto (aí já é problema de memória, né, querida). Mas, no meio do caminho, eu vi tanta coisa, senti tanta coisa, conheci tanta gente, vi tanta gente começar o desafio que decidi terminá-lo e percebi outra maravilha: tive paciência comigo mesma, me deixei ser. A felicidade é ter paciência consigo mesmo.
Depois dos cem dias, das cem fotos, eu consegui. Consegui, como disse, saber qual é, afinal, a da felicidade: não dá para definir. A felicidade é tudo e é nada. A felicidade não cabe em uma única definição, mas existe e é palpável. Portanto, se eu tivesse que dizer algo sobre a felicidade, eu diria: a felicidade é.
Todas as fotos da minha participação no desafio estão no perfil do instagram do blog e para participar do desafio basta entrar neste site. Agradeço imensamente a todos que me fizeram e me fazem feliz, simplesmente, por existirem. Não é à toa que felicidade rima com cumplicidade. Rima com simplicidade, caridade, amorosidade, liberdade e criatividade. Na verdade, a felicidade rima com o que você tiver vontade. 

Participa/participou/quer participar ou tem algo para falar sobre o desafio/felicidade? Estarei sendo feliz ao ler os comentários ou, até mesmo, e-mails. Forte abraço.



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