"De todas as coisas que já perdi, a mais difícil foi o hábito de pensar em você."

     Como definir o amar? Eu tenho me feito muito essa pergunta, nos últimos tempos. Quem me conhece sabe, sou um poço de amor, sem fundo. Sou sempre a pessoa sorridente, que te cumprimenta com um sorriso, que diz obrigado e por favor. Gentileza sempre foi a minha praia. Desde que nasci, me sinto um tanto quanto "invisível"
      Sempre tive hábitos, formas de agir. Meu ser sempre foi composto por pequenos fragmentos de mudanças da minha vida. Quando mais jovem, eu era impulsivo, aventureiro, e levava uma vida mais tranquila. Isso não muda o fato de que sempre pensei demais. Uma mente cheia, oculta por uma voz linear, que transmite a ideia de tranquilidade.
      Difícil enxergar as guerras que estão sendo travadas dentro de mim. Afinal, meu interior é um campo de batalhas, sem fim. Há alguns dias atrás, enquanto encarava o teto chapiscado do meu quarto, peguei-me pensando em coisas relevantes.
      Ao avaliar bem meus pensamentos, percebi uma coisa, que fez algo mudar dentro de mim. Descobri que meu amor é de graça. Isso mesmo. Eu guardo tanto amor dentro de mim, que posso distribuí-lo gratuitamente, mesmo para quem não o queira, ou não o aceite. Esse amor se manifesta de diversas formas.
      É o amor de quando eu mando uma mensagem de "Bom dia", sabendo que a resposta vai chegar às onze da noite. O amor de quando eu envio um "Estava pensando em você", a um amigo que eu sei, pode estar precisando. Um amor daqueles que elogia sinceramente, que nota detalhes, que diz o que pensa e sente. Sempre fui do tipo de pessoa que parece poder ler os outros, compreender o que sentem, ou como pensam. 
      Há uma semana atrás, tive a oportunidade de conhecer melhor um rapaz com quem eu não havia tido muito contato. Nós trabalhávamos juntos, porém, jamais havíamos conseguido sentar para conversar. Depois daquela sexta-feira de manhã, nunca mais serei o mesmo. A sensação que tive, foi a de encontrar uma alma irmã. Ele me falou dessa minha "empatia", e de como ela se manifestava. 
      Ele me disse para nunca deixar de viver esse amor que me faz o que, e quem, eu sou. Ele era um completo estranho, mas eu disse a ele coisas que meus amigos mais próximos não imaginam. Engraçada a vida. Eu andava meio desanimado com as reviravoltas do viver. Me sentia só, pois a distância e a mudança são coisas que abalam nossas estruturas. Mesmo as mais fortes. 

      Eu compreendi que jamais desistirei das pessoas que eu amo, mesmo com as intempéries da vida. Mesmo que de tudo o que eu faço, eu não receba de volta nem a metade. Mesmo que não respondam meus carinhos, ou não pensem em mim durante o dia. Mesmo que elas tenham outras prioridades, outros amores, outras coisas para fazer. Eu vou continuar a amar o próximo, mesmo que pareça que ele não liga. Vou continuar a dar o melhor de mim, mesmo pra quem não demonstra absolutamente nenhum, ou pouquíssimo, carinho por mim. 
      Por que eu sou assim, e isso não vai mudar. Faz parte do meu ser estar atento às pequenas coisas. É parte de mim ser carinhoso, e expressar o meu amor, mesmo que eu receba pouco de volta. O que nos leva ao fato de que eu também preciso de amor. Infelizmente, eu sempre preciso de muito, e nem todos tem tanto. Ou, se tem, não querem/podem compartilhar. Me sinto vivendo de migalhas de amor. E migalhas, só me impedem de padecer. 
     Ainda assim, eu não desistirei de espalhar esse sentimento por onde vou. Eu não vou parar de ser aquilo que meus amigos precisam que eu seja, pois, a minha missão, é fazer este mundo, um lugar mais feliz. E eu farei isso, tocando profundamente a vida de cada um que me permitir. Afinal, uma vez que você me conhece, é muito difícil não notar minha luz.
      Escrevo hoje, como forma de desabafo. Eu faço o mundo colorido, mas vivo em um lugar cinza. Eu pinto as vidas de quem me cerca, sem nunca sentir a cor tocar a minha. Eu sou a luz que te protege na escuridão, sem nunca encontrar alguém para me proteger dela. Eu sou a mão que lhe ajuda a se levantar, para que depois você se vá. E ainda assim, eu SOU.

Adolfo Rodrigues

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