Sempre fui pela verdade, sim: nua e crua. Mas, também, sempre achei que a verdade, a realidade, pode ser crua demais: a gente pode temperá-la, colori-la, melhorá-la e construí-la. Não é porque - de forma, ou circunstância, alguma- certa coisa é assim, ou assado, que significa que deva ser: podemos moldar, destruir, construir e reconstruir. Sempre tive essa sensação de poder de criação e, então (riminha de coração), tive um gracioso encontro com Pedro Chagas de Freitas. Um encontro, à distância, com anos luz a mais de graciosidade que encontros diários com conhecidos e colegas: um encontro de afinidade. Pedro Chagas já chegou me dizendo "É a teu cargo que estás a criar o mundo. Todos os dias nasces com essa força dentro de ti". Então, tive de aceitar o convite desse encontro maravilhoso.

   Como foi? Foi através da leitura do livro "Eu sou Deus", escrito, descrito e bendito por Chagas. Um
livro que bate na gente: morde, belisca e acaricia, é isso: contudo, me senti extremamente acarinhada por uma escrita tão espontânea, leve e de conteúdo tão forte e mobilizador. Alguém me disse, certa vez, que um livro, para ser bom, tem nos tirar do eixo. Não adotaria a premissa mas devo dizer que "Eu sou Deus" me tirou de todos os eixos em que já estive e nos que pensei em estar e me fez perceber que os eixos e as linhas retas são, por vezes, dispensáveis: é maravilhoso voar. Voar porque essa uma leitura que nos impulsiona ao voo, dá o direito do voo mesmo àqueles que estão no chão: "pensas comigo, se estivesses sempre de pé algumas vez te conseguirias levantar?"
   E se, agora, me perguntares sobre o que Chagas escreve ei de dizer: sobre você. Sim, sobre você, sobre mim, sobre ele, sobre nós, vós e eles. Sobre, e sob, nossas convergências, divergências e incoerências, afinal, "a vida é incoerente". A respeito, e em respeito, do ser humano: de ser humano. "A falta de repeito é o problema do mundo."
   Em "Eu sou Deus", Chagas nos convida a conversar, abertamente, a respeito do que a gente evita falar, nos convida a conversar, sem entrelinhas, sobre a nossa tendência de falar sobre sub-assuntos para nunca falar dos assuntos, propriamente ditos. Sobre a nossa tendência de viver sub-amores, por medo de se deixar arrebatar pelo amor, propriamente dito. Chagas nos entrega, seguido de uma piada, um espelho para que possamos olhar nos olhos de nossas sub-vidas. E, depois do olhar, nos convida à excelência, nos convida a largar a mania de ser sub para ser super. "A excelência tem de ser rotina".

   Entre tantos convites, te convido à essa leitura. Larga o que está a fazer, venha de cara limpa, coração aberto, senta cá e lê. Não evites. Não evites ser. Não evites viver. "Não evites arriscar, não evites temer estar a ir longe demais. Não evites: não te evites".
    O livro é publicação da Chiado Editora e é uma super indicação, "não é um livro de auto-ajuda. Mas, se o ler, pode auto ajudar-se". Corri o risco e fiz das palavras de Chagas minha realidade: "não seja apenas um ouvidor, seja um construtor, incansável, de momentos inesquecíveis.





Deixe um comentário

O tempo é maior presente que podemos dar à alguém: obrigada pelo seu. As palavras são afeto derretido, que tal deixar as suas? (Caso tenha um site, para que possamos presenteá-lo com nosso tempo,divulgue-o aqui). Forte Abraço.