Não tenho tido notícias suas. Há tanto tempo não te vejo, nem sei dizer quanto. Hoje fui acometida por uma grande surpresa quando não consegui contar, não consegui me lembrar ao certo a última vez em que te vi. É tanto tempo que se tornou algo abstrato, não palpável, incontável. Digo, o tempo, não nós. Estou cada dia mais certa de que nós sempre seremos palpáveis, mesmo em minhas lembranças mais abstratas, você me é sempre bem real. Está sempre aqui comigo no que vejo, no que sinto, no jeito como me expresso, em minhas referências. Afinal, mesmo com esse jeitinho de quem não queria nada, de quem não impõe nada, mas de quem tudo cuida, você me mudou e deixou carimbo em mim: estou indo, mas estarei sempre por aqui. Até a saudade é real, sei exatamente do que sinto falta: sua risada incontrolável ainda me chicoteia com a mesma intensidade, como se eu tivesse acabado de ouvi-la. Bem aqui. Mas agora é saudade. E, tenho que dizer: que saudadezinha gostosa essa que agora sinto! Digo agora porque sei que não é eterna: sem tardar, vou te encontrar novamente e a camaradagem vai ser a mesma, como se nunca tivéssemos nos afastado. 

A verdade é que nunca nos afastamos realmente. É claro que a vida seguiu, fez e aconteceu. A vida tem acontecido em um ritmo diferente do que costumava acontecer, em um ritmo que difere para nós. Mas isso não nos impede de ser o que somos. Seguimos sendo. Continuamos sempre sendo aquela pessoa "para contar", aquela pessoa que, no mar do desespero, é para quem vamos ligar. Continuamos sempre nos acompanhando.  Os desencontros não impedem que, mesmo no silêncio, continuemos torcendo para a nossa felicidade mútua, muito pelo contrário: faz com que a torcida seja ainda mais sincera já que não é gritada ou exposta em outdoors. O tempo não impede que continuemos nos lembrando mutuamente: 30 seconds to mars, para mim, ainda é a sua banda. E, sobretudo, o amor não impede com que o carinho continue a ser essa plantinha que sempre cresce em nossos corações. É que, pelo visto, amizade é esse tipo de amor : um que nunca morre. 

Essa separação é, na verdade, uma breve interrupção. A rotina desse início de vida adulta tem nos mostrado que amizade vai além do que acreditávamos. É claro que também é estar presente, também é cinema, também é estar junto o tempo inteiro. Isso tudo é uma delícia, mas não é só isso. É saber com quem se pode contar. É, também, saber que o abraço de um amigo é um segundo lar. 

A todos os meus amigos e amigas - em especial para os que não vejo sempre (texto sugerido por Tallysson Aguiar)


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